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Conforto

Coisas do passado trazem conforto. Mas quando me conforto, fico ansioso, pois percebo do que se trata... a vida está fora dele, está na luta. Qual é minha luta? Na mesma medida que posso decidir em que ano nasci, quem são meus pais e quem eu sou, posso decidir qual ela é: algo a ser reconhecido. Perdi a dianteira. Sem estrelas, qual é a direção, e de quê? Da escassa energia vital, esse fluxo constante. O que é mais belo entre um rio adentrando no mar ou chuva no deserto? Parar de jorrar água para não desperdiçar, como se isso fosse possível. No fim, água é só H2O.  
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Irmãos

Dois irmãos almoçando agora Comunicam-se de maneira nova Suas almas contornando antes ásperos limites. Um breve riso torna-se audível Companheirismo quase que tangível Simbiontes sem supérfluos convites. Wikicommons

Bailado

Bailado de cores e sons, chamativos, sedutores, cantando, quais sereias, à consciência. Massacrando ideias, desviando à novidade. Não! Pior! Ao velho conhecido. Débia resistência, irresoluta: nada faz, impotente e inerte. Só espera! Os prazeres, conhecidos e traiçoeiros, ecoam. Até que um escândalo irrompa e desbote o bailado atrativo. Até que o emudeça. Até lá, o que faço? Impotente e inerte — Compadeço. Pixabay

Coração

Vislumbrando um futuro melhor, eu sigo meu coração; e ele, sabiamente, ensina meu filho a perceber seus objetivos, e a reconhecer distrações como distrações. — Enquanto isso, eu, distraído, me pergunto: este coração, de quem é, me pertence? Pode o desconhecido ser vislumbrado? Qual é meu objetivo? Pikist

Herói

Você lutou vitorioso em muitas batalhas, sem desistir. Conquistou riquezas, honra e fama. Tenho muito orgulho de você. Há pessoas para apoiá-lo e você encontrou seu amor. Quando o desafio maior foi dado, não havia dúvidas se conseguiria. No fim da mais longa jornada, no entanto, você foi derrotado... virou só uma dúbia memória e eu me tornei você. Agora consigo ver que muitas de suas vitórias foram irrelevantes, que o único motivo de não ter perdido mais batalhas é porque fugiu da maioria. Suas crenças revelaram sua covardia; e seus medos, suas fraquezas. Vícios transvestidos de virtude; bárbaro de herói. Ainda sinto algum orgulho, mas também sinto pena. O seu conto acabou, mas eu ainda estou nele. A batalha agora é minha.  Photo: Wagner Machado Carlos  

Papel

Livros são realmente fascinantes. Eles me conectam com as mentes mais brilhantes. Me colocam em frente de todos os tipos de emoções humanas. Tragédias, filosofias e deuses esquecidos que podem ensinar tanta coisa. Eu começo a compreender o mundo sem sentido que me acostumei a ver. A História humana está nas minhas mãos, eu posso sentir seu peso e farpos. Posso absorver conhecimento antigo e a ciência moderna. E me encontrar entre todas essas teorias, idiomas, paradoxos, literatura, conflitos, modos de existência. Eu acho que estou começando a entender, sim, estou! Sou tão importante quanto um protagonista de uma história épica. E tão insignificante quanto um grão de poeira num lugar velho. Estou passando a entender onde a ciência leva ou não leva. O que a sabedoria ensina ou não ensina. O que eu sou -- se qualquer coisa. Me perdendo envolvido por tudo isso. Cidadão correto, pai aque aconselha, filho agradecido. Trabalhador responsável, marido carinhoso. Angústia pacífica. Photo: Michel

Alvorada

Lugar não familiar e escuro. Um toque frio revela uma brisa suave soprando. Mais que isso: ele sugere onde procurar por mim mesmo. Mais está vindo. Uma sensação sutil. Desta vez em outro lugar. A dormência está finalmente cedendo. Há alguma pressão e calor agora. A sensação está voltando, senão timidamente, trazendo um corpo à existência. Olho por essa janela, através dele, apenas para encontrar a brisa uma outra vez. A escuridão reduz e dá lugar a uma luz pálida: a alvorada. Somente agora posso realmente ponderar sobre quem eu sou.